Unimed Porto Velho lança projeto pela vida e sem violência contra a mulher
30 de outubro de 2019

O lançamento do projeto “Destemidas Marias” ocorreu nos dias 25 e 26 de outubro, no Hospital Unimed e na Sede Administrativa da Unimed Porto Velho, respectivamente. O evento contou com a participação do Ministério Público do Estado, Defensoria Pública do Estado e Tribunal de Justiça. As palestras foram mediadas pelas médicas cooperadas, Larissa Mendes da Silva Macedo e Ida Perea Monteiro.
O projeto foi idealizado pela diretoria da Unimed Porto Velho a partir de constatação de casos de colaboradoras que eram vítimas de violência doméstica. Uma equipe multidisciplinar foi formada e foi desenvolvida uma proposta de atuação para a prevenção desse agravo, surgindo, assim, o projeto “Destemidas Marias”.
“O tema sobre a violência contra a mulher é atual, mas tem raízes antigas, o problema é cultural. Precisamos falar sobre o assunto, para que as mulheres conheçam seus direitos e sejam multiplicadoras das informações adquiridas”, declarou Robson Jorge Bezerra, presidente da Unimed Porto Velho.
O magistrado Álvaro Kalix Ferro, do Tribunal de Justiça de Rondônia, que falou sobre crimes contra a mulher, enalteceu a iniciativa da Unimed Porto Velho com a criação do projeto e as parcerias angariadas. “É importante que haja esse engajamento do poder público e a iniciativa privada, pois a violência contra a mulher é um problema muito complexo, primeiro, porque é bastante cultural, advém de desigualdades que precisam ser enfrentadas, segundo, porque geralmente estas violências acontecem no seio privado, dentro de quatro paredes”, ressaltou o juiz, que salientou a importância do envolvimento de todos com a questão, para que estas mulheres possam vencer seus medos, vergonhas e necessidades, tanto financeiras como psicológicas. “Todas as barreiras devem ser enfrentadas, mas para que isso aconteça, todos devem estar engajados e, assim, os serviços que estão previstos na Lei Maria da Penha possam sair do papel para dar condições dessas mulheres serem bem atendidas por pessoas especializadas”, concluiu o magistrado.

Para o promotor de justiça, Héverton Alves de Aguiar, o tema é palpitante e precisa ser discutido com seriedade e responsabilidade. “Mas ver instituições como a Unimed, preocupada com esse tema, ou seja, aquela sensação de pertencimento, de assumir o problema, de querer conscientizar colaboradoras e cooperadas, nos deixam muito felizes, porque a gente consegue perceber que está se ampliando esta rede de proteção”, declarou o promotor.
O evento contou com a participação da médica psiquiatra, Thaís de Carvalho Campos Villela, que expôs a necessidade da conscientização e orientação às mulheres. “Muitas vezes se leva tempo para identificar que uma paciente foi vítima de violência doméstica, porque ela não se reconhece como tal”, explicou a médica cooperada.
A defensora pública, Morgana Lígia de Carvalho, explanou sobre como funciona a Defensoria Pública e como as mulheres devem proceder. “Nós temos a Lei Maria da Penha, mas não basta a lei se as mulheres não sabem como usá-la. Espero que esta atitude da Unimed abranja toda a sociedade, e que esta assuma para ela também o dever de explicar, fazer com que as pessoas tenham acesso a esses direitos”, afirmou a defensora pública.
As psicólogas, Aline Rodrigues Moreira Dantas e Mariângela Onofre, falaram sobre a importância do apoio psicológico, tanto para que a mulher se identifique como vítima e se sinta fortalecida para denunciar o agressor, como no processo após a denúncia, período de adaptação a uma nova realidade. “É fundamental esse tipo de iniciativa como da Unimed, precisamos atuar na prevenção, pois a violência doméstica é um problema de saúde pública e se não houver uma intervenção preventiva com essas mulheres, tanto no sentido de fortalecê-las emocionalmente, quanto nesse sentido sócio-jurídico, o problema só tende aumentar”, explicou Mariângela.
A assessora jurídica da Unimed Porto Velho, Iara Carolina Morsch Passos, é uma das idealizadoras do projeto. Ela conta que, considerando a extensão do projeto para toda a sociedade, vislumbrou-se a possibilidade de criação de um banco de dados interligado com as instituições públicas pertinentes, para acompanhamento e controle mais efetivo das notificações compulsórias de violência doméstica na rede credenciada em Porto Velho. Assim nasceu a parceria com o Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública do Estado de Rondônia.
“Seguiremos agora o cronograma do projeto, teremos reuniões com Ministério Público e Tribunal de Justiça para capacitação da rede de acolhimento de vítimas e formatação do banco de dados interligado”, declarou a assessora jurídica.
Segundo o diretor administrativo da Unimed Porto Velho, Saleh Mahmoud Abdul Razzak, o projeto “Destemidas Marias” reforça a responsabilidade social da cooperativa. “Devemos nos unir, pois o maior desafio não é combater a violência e sim conscientizar a vítima do que é violência, mas nós temos a esperança que esta realidade mudará”, afirmou.
Por se tratar de um projeto local, o título compõe a palavra “destemidas” em alusão à letra do Hino do Estado de Rondônia, que menciona os rondonienses como destemidos pioneiros, e “Marias” em associação à Lei Maria da Penha, representando a união de todas as mulheres unidas pela vida e sem violência doméstica.
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